terça-feira, 7 de agosto de 2012

"Acho que as pessoas se esqueceram um bocadinho que não é vergonha nenhuma ter formação. Aliás é um dever que temos para connosco, faz parte do crescimento e da evolução"



O "Curso de Teatro e Televisão de Trás para a Frente" é um projeto inovador e pioneiro em Portugal e está prestes a arrancar com as audições para este curso. Terá lugar já, dia 12 de Agosto em Lisboa. 
O blog "Mundo Jornalismo" teve à conversa com uma das fundadores deste projeto, Mónica Leite que explicou como irá decorrer este curso e quais os seus principais objetivos bem como as suas fases.  Deixou ainda, uma incentivo para aqueles que são mais "inibidos" se inscreverem neste curso que pode mudar a vida daqueles que serão amanhã os futuros atores, realizadores, maquilhadores, produtores, cenógrados.  

Fale-nos um pouco sobre este curso?
Este curso complementa a educação e a formação artística de quem quer seguir a profissão de actor, ou director/encenador/realizador, ou cenógrafo, ou designer, ou maquilhador, entre outras áreas. É um curso cheio de formadores profissionais e muito prático. Assim como os bailarinos e os cantores têm de praticar todos os dias também o têm de fazer os actores, directores, cenógrafos, designers, maquilhadores.   
Como é que ele é constituído?
Este curso está dividido em três anos, cada um deles com três trimestres, nove trimestres no total. O primeiro ano é comum para todos e os alunos vão ser expostos a diversas matérias. Vão construir cenários, desenhar, construir e desenhar roupa, tratar das luzes e do som, pôr maquilhagem neles próprios e no outro, fazer adereços, representar para teatro e para câmara, dirigir,.. Depois no segundo ano vão poder optar e no terceiro terão um estágio.
Como é que surgiu esta ideia?
Viajei com os UWP (Up With People) durante um ano e depois estudei nos EUA durante sete anos. Fiz o BA em Theatre Arts Acting/Directing e depois o MFA em Theatre Arts Directing. Durante este tempo todo construi cenários, desenhei, construi e desenhei roupa, andei pendurada a tratar das luzes e do som, a fazer maquilhagem a mim e aos outros, a fazer adereços, a representar, a dirigir,... enfim, foram cursos bastante completos que me ajudaram não só a decidir qual o caminho que queria seguir mas também a ter um respeito grande pelo trabalho dos outros. Criava-se, cria-se uma grande entre ajuda. Achei e acho isso bastante importante. Cresci muito como pessoa e artista. Nessa altura o que pensei foi, que bom que seria chegar a Portugal e implementar cursos destes.
Decorre apenas em Lisboa ou pretendem criar escolas em mais alguns pontos do País?
A ideia é chegar aos vários pontos do país.
Até ao momento quantas inscrições já conseguiram?
As inscrições que temos são as das audições, só depois disso é que decidiremos e saberemos quem serão os escolhidas para fazer parte do curso.
Quais as vossas expetativas?
Formar profissionais que tenham um maior respeito e reconhecimento pelo trabalho de quem no dia a dia está com eles ao lado. Uma maior entreajuda que levará a um maior sucesso de cada um como artista e como pessoa.
Porquê o nome "Curso de Teatro e Televisão de trás para a frente?
À frente e atrás das câmaras e dentro e fora do palco. Do que se passa atrás, até ao que se vê cá à frente. 
Quais são as saídas profissionais ou as áreas que os formandos depois de tirarem este curso podem trabalhar?
Dizem que um actor demora 20 anos a formar. Pois é estes são 3 anos na vida de um actor, ou director, ou cenógrafo ou designer, ou… ou…. O importante é sair deste curso com mais conhecimentos sobre si próprio, sobre a arte que se quer seguir e sobre o seu caminho como artista. Por isso no fim dos três anos ser-lhe-á por certo muito mais fácil trabalhar em conjunto com outros artistas, em teatro, televisão, cinema, em qualquer das áreas que escolher. Acredite em si!
Para quem está ainda indeciso de fazer este curso faça um pequeno apelo para aqueles que estão mais receosos?
Este curso complementa a educação e o lado artístico de quem quer seguir esta profissão. É um curso cheio de formadores profissionais, muito prático. Assim como os bailarinos e os cantores têm de praticar todos os dias, também o têm de fazer os actores, directores, etc... JUNTE-SE A NÒS E SEJA O PRIMEIRO A TER ESTA FORMAÇÃO COMPLETA EM PORTUGAL!
Muito resumidamente fale-nos sobre o seu percurso de vida profissional?
A Mónica Leite é uma das Fundadoras e a Directora Artística da Ilha D’Arte. Em Maio de 1999 a Mónica terminou o seu  Master of Fine Arts em Artes Teatrais “Directing” na California State University em Fullerton. Nos Estados Unidos encenou várias peças sendo tendo as últimas recebido criticas no LA Times, Bodas de Sangre, The Odd Couple, female version, A Taste of Honey, e como actriz entrou em várias peças The Machine, “Actor’s Nightmare”, The Road to Los Angeles. Já em Portugal tem feito várias encenações com os seus alunos na Casa do Artista e para a Ilha D’Arte este ano João e As Mulheres no ano passado Maria Henrique em “A Irmã Maria Explica”, também duas peças para o Grupo de Teatro do Metropolitano de Lisboa. Também em Lisboa entrou como actriz em duas produções dos Lisbon Players, Bed e A Doll’s House. Em Outubro de 1999 foi convidada pelo Armando Cortês para Coordenar do Programa de Teatro da Academia da Casa do Artista, cargo que desempenhou até 2007. Em Janeiro de 2001 convidada pelo Virgílio Castelo começou a fazer o Controlo Final na NBP Produção em Vídeo S.A. (Algumas das novelas e series: Olhos de Água, Ganância, Anjo Selvagem, Super Pai, Senhora das Águas, Filha do Mar, Bons Vizinhos, Tudo Por Amor, Sozinho em Casa, Último Beijo, Saber Amar, Ana e os Sete, Morangos com Açúcar, Ninguém Como Tu, Tempo de Viver, Ilha Dos Amores, Fascínios, A Outra, Olhos nos Olhos, Anjo Meu, Remédio Santo, Doce Tentação...) 
Como foi essa experiência e o que é que isso lhe transformou a vida artística?
A experiência foi fantástica. Muitas oportunidades de trabalhar com profissionais e com alunos numa mistura que leva cada um a querer fazer sempre melhor. Os trabalhos, nas aulas, eram avaliados pelos professores mas depois os espectáculos eram vistos pelo público em geral e criticados pelos jornais, como qualquer outro espectáculo profissional.
Este curso está repleto de formadores profissionais em cada área e haverá ainda convidados especiais. Sem levantar muito a ponta do véu quem são os formadores?
Aqueles que já estão confirmados:
Mónica Leite - Master of Fine Arts - Theatre Arts Directing
Maria Henrique - Actriz, Encenadora, Directora de Actores e pioneira do Coaching para Actores em Portugal
José Fanha - Escritor/Poeta/Dramaturgo
Miguel Ramos - Fashion Designer
Beatriz Ramos de Matos - Designer de Cena
Ivan Coletti - Maquilhador, Actor, Produtor
Sofia Santiago - Professora de Dança
Denise Domingos – Luminotecnia
 Mas teremos mais inclusive alguns convidados que vêm do estrangeiro. 
Desde que veio para Portugal começou por implementar o que aprendeu em prático e quais foram as maiores dificuldades que sentiu?
Quando vim para Portugal comecei, meses depois, a dar aulas na recém aberta Casa Do Artista, convidada pelo querido Armando Cortês. Demos início à formação na Academia da Casa do Artista em 1999. Com o Trabalho com a Ana Nave e depois com o convite do Virgilio Castelo para trabalhar na então NBP comecei a inteirar-me dos novos nomes do teatro e televisão nacionais.
Na sua opinião, como vê o panorama artístico principalmente na representação em Televisão, dado que, agora tem surgido novas estrelas e rostos que nos entram todos os dias nas nossas casas?
Está em crescimento em número, mas nem sempre em qualidade. Acho que as pessoas se esqueceram um bocadinho que não é vergonha nenhuma ter formação. Se forem aos EUA por exemplo, e quiserem ter uma aula de representação podem por certo cruzar-se com um actor que conhecem. Isto porquê? Porque não é vergonha nenhuma praticar, aliás é um dever que temos para connosco, faz parte do crescimento e da evolução. Os bailarinos só dançam, ou ensaiam quando têm espectáculos? Os músicos só tocam, ou ensaiam quando têm espectáculos? Pois então e os actores? E os Directores? E os Cenógrafos, e designers de moda, luzes, som, etc? Pois é parece-me que há qualquer coisa cá em Portugal que leva algumas pessoas a sentirem-se constrangidas ao praticar e aprender mais sobre eles próprios e a profissão. A vida é uma aprendizagem e ao fazemos um ou dois trabalhos não podemos achar que sabemos tudo.
Temos lugar para eles todos?
Haverá lugar para os que mais trabalham e mais evoluem, mais investem e que com tudo isso mais marcam a diferença. 
Na sua opinião eles conseguem lidar com tanta exposição mediática?
Alguns lidam bem e outros menos bem.
Para terminar a nossa entrevista o que é necessário para ser um grande artista?
Humildade. 

Escrito por: Nuno Sotto Mayor 

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