Paulo Bonito, residente em Vila Chã de Ourique, Cartaxo, foi condenado à pena máxima de prisão por ter sido dado como provado que abusou sexualmente das enteadas e também por maus tratos à ex mulher.
As agressões e abusos terão durado quatro anos, entre Fevereiro de 2007 e Novembro de 2011. O caso foi denunciado pela própria mulher às autoridades, quando ela conseguiu fugir de casa com as menores para Torres Novas, local de onde é originária e onde vive actualmente.
Paulo Jorge Marques Bonito, 43 anos, estucador, ouviu a sentença na passada semana no tribunal do Cartaxo. Ali ficou provado, segundo o acórdão a que “o Crime” teve acesso, que “o tribunal não teve dúvidas em acreditar na versão dos factos apresentados pelas vítimas, apesar do arguido dizer em várias sessões do julgamento tratar-se de uma conspiração por parte das menores e da sua ex-mulher.”
O tribunal justificou a pena máxima com o facto de o arguido “não mostrar estar arrependido desde o princípio até ao fim do julgamento, o que demonstra alguma insensibilidade revelando não ter quaisquer sentimentos”.
Ainda segundo o acórdão. “em relação ao crime de violação o tribunal deu como provado um por semana e também por ser agravado por se tratar de uma menor na altura de 14 anos”. Segundo o mesmo acórdão foi-lhe imputada a prática de 10 crimes de abuso sexual de crianças agravado, 1 crime de detenção de arma proibida e 3 crimes de violência doméstica.
No total cometeu 246 crimes, sendo 213 de violação de menor agravada, 10 de abuso sexual agravado, 21 crimes de violação agravada, um de violência doméstica e outro de detenção de arma proibida. Contabilizados todos estes crimes foi condenado à pena única de 25 anos de prisão. Além disso, foi decretado pelo tribunal que terá de pagar uma indeminização quer às menores quer à sua ex-mulher no valor total de 45 mil euros que, no entender do tribunal, “é um valor irrisório perante o sofrimento das vítimas”.
Perfil do condenado
“o Crime” apurou que Paulo Bonito é bem visto na localidade, trabalhador e “amigo do seu amigo”, dizem os vizinhos. Tinha o cadastro criminal limpo o que fez com que os seus vizinhos em Vila Chã de Ourique, ficassem abismados quando o escândalo rebentou e foi detido por militares da GNR.
Família conformada
À saída do julgamento, a mulher de Paulo Bonito afirmou a “o Crime”: “Estou contente com o desfecho do caso e terminou aqui uma batalha bastante difícil para todos nós. Agora tenho que continuar em frente e pensar apenas nas minhas fi lhas”. Uma amiga desta vítima, que também solicitou o anonimato, acrescentou: “Eu tinha mais ligação com a mãe das meninas, mas claro que estas pessoas tem que ser condenadas e tenho pena que não exista a pena de morte porque alguns merecem. Estes casos merecem ser relatados nos jornais para ver se as pessoas perdem o medo e denunciam estas situações”.
Escrito por: Nuno Sotto Mayor
Publicado no jornal semanário "O Crime"