quinta-feira, 20 de junho de 2013

"As gentes de Abrantes perceberam a mensagem dos bombeiros"

Qual foi o impacto que o protesto teve no passado dia 12 de Junho?
Fernando Curto - Teve, com toda a certeza, um grande impacto junto da população de Abrantes. As pessoas vêm os bombeiros como aqueles a quem podem pedir socorro e ter ajuda quando necessitam.
Não imaginam que os bombeiros, de quem dependem nas horas de aflição, estejam numa situação de fragilidade profissional que pode pôr em causa o socorro à própria população. Considero que as gentes de Abrantes perceberam a mensagem dos bombeiros. De outra forma, não tinham demonstrado todo o apoio que foi bastante visível durante o percurso realizado pelo protesto.
Chegou a reunir-se com a presidente da autarquia, Maria do Céu Albuquerque?
No dia da manifestação a senhora presidente não se encontrava nas instalações da câmara municipal. De acordo com o representante que nos recebeu, estaria em Lisboa em diligências relacionadas com a autarquia. É importante recordar que, até chegarmos a esta situação limite, houve sempre um grande esforço da ANB P para se encontrarem soluções que evitassem este desfecho que consistiu na extinção dos bombeiros municipais. Nesta altura temos bombeiros profissionais, altamente especializados e com centenas de horas de formação a prestarem serviço na câmara como administrativos, motoristas, empregados de limpeza e coveiros (sem que isto represente qualquer desrespeito por estas profissões). Acusou a autarquia de estar a conduzir este processo dos bombeiros como se estivesse a vender “gato por lebre”.
Qual o significado dessa afirmação?
Este processo desde sempre se desenrolou de forma duvidosa. Começou com a criação de um protocolo entre a Câmara Municipal de Abrantes e a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Constância, que, alegadamente, legitimava a transferência de verbas para esta instituição. Depois, veio a criação da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Abrantes e finalmente a extinção dos Municipais. As decisões tomadas pela senhora presidente revelam pouco respeito pelos contribuintes, porque numa situação económica grave para o país, aumentou para o dobro os custos com os bombeiros ao apoiar a associação humanitária com 616 mil euros em detrimento dos Bombeiros Municipais cujo investimento era de 284 mil euros.
Estas formas de luta são para continuar?
Vamos naturalmente continuar a defender os interesses dos Bombeiros Municipais de Abrantes. Também já
solicitámos uma reunião com carácter de urgência a António José Seguro, para o alertar para este ataque à dignidade dos bombeiros municipais. A presidente da autarquia, eleita pelo PS, está a apostar numa política de destruição dos serviços públicos, neste caso dos bombeiros municipais, essenciais para a segurança da população de Abrantes.

Entrevista escrita por Nuno Sotto Mayor e publicado no jornal "o Crime" esta semana.

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