Integrando a 49.ª Feira Nacional de
Agricultura, 59.ª Feira do Ribatejo, o CNEMA - Centro Nacional de Exposições e
Mercados Agrícolas -, S.A. foi palco do 1º Fórum Ibérico do Tejo e do 3º
Congresso Nacional da Cultura Avieira. Este forum decorreu entre os dias 8 e 9 de Junho onde forma debatidos temas relacionados com a cultura Avieira.
Com manifestações culturais
paralelas decorrendo em simultâneo - do folclore à pintura, à fotografia, à
arqueologia e às embarcações Avieiras e da Vieira de Leiria -, o Tejo foi a
centralidade que congregou, durante dois dias, académicos e estudiosos,
portugueses, castelhanos e galegos e uma das comunidades mais identitárias para
a cultura das gentes taganas - a Avieira.
Destaca-se a intervenção de Miguel Ángel Pérez, investigador e membro da Plataforma Cívica de Talavera de la Reina, subordinada ao tema “A sobreexploração do Tejo em Espanha – Porque não chega água a Portugal?”; uma visão crítica, atual e objetiva dos interesses económicos nas águas do Tejo e dos seus impactos negativos sobre o caudal do rio, os delicados ecossistemas e a sobrevivência das comunidades que dele dependem. Nesta visão se destacou a política espanhola de transvases, que desviam o caudal do Tejo para empreendimentos turísticos de luxo – incluindo campos de golfe em terrenos semidesertos no sul de Espanha – e para projectos de agricultura intensiva, tendo como consequência a redução muito acentuada de caudais do grande rio Ibérico e a falta de água em Portugal.
De entre as muitas personalidades presentes, instituições académicas castelhanas, galegas eportuguesas, convidados e Avieiros, o Engenheiro António Redol, filho do grande escritor neorrealista Alves Redol, foi um atento acompanhante dos trabalhos deste que foi mais umdos eventos importantes para o reconhecimento público da notoriedade da Cultura Avieira. Uma cultura que se mantém viva e trará a notoriedade que o nosso grande Tejo merece, verdadeiro mosaico cultural, paisagístico e gastronómico.
A Cultura Avieira constitui-se como projeto de candidatura a património nacional. Antes de mais, um projeto de afetos, bem expressos nos muitos elementos desta comunidade que participaram nos trabalhos, tendo sido homenageados seis dos seus mais idosos representantes, autênticos porta-vozes desta cultura, num reconhecimento do seu valor, enquanto atores vivos de um património inestimável. O mais novo dos homenageados tem 80 anos e o mais idoso tem 88 anos. Foram eles Vítor Tomás (Caneiras), Crispim Dinis (Valada/Cartaxo), Manuel do Vau [Bau] (Vila Franca de Xira), Emília Lameira (Vale de Figueira), Iria Grilo (Touco/Alpiarça) e Maria de Sousa (Azinhaga).
Sendo âncora do Projeto de Candidatura da Cultura a Património Nacional, a casa palafítica, o barco, as artes de pesca, o traje, a fala, a religiosidade e o património gastronómico, apresentaram-se estudos e propostas sobre a dimensão social de um processo integrado de desenvolvimento, tendo por base os desafios e as oportunidades de um turismo sustentável assente nestes pilares.
Escrito por: Nuno Sotto Mayor
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